12 de ago. de 2011

Da criança em meu coração!


Às vezes as pessoas dizem que sou infantil. Digo para mim mesmo "não quero mais" e desapareço de certas pessoas e situações. É quase um "belém, belém, nunca mais tô de bem", igual ao que as crianças fazem, sabe? Talvez, por isso (é por isso) que alguns dizem que sou infantil. E pode ser bom ser tido como infantil nesse quesito, é sinal de se ser, acima de tudo, sincera com o que se sente e para com quem se sente. Então com criança é mesmo assim, sem se prender ao ontem, sem esperar demais do amanhã, importa o agora, importa a inocente voz do coração. Não se é mais feliz, não se confia mais, não dá mais para "brincar"? Adeus! Há crianças e crianças, mas elas sabem bem quem é o colega que as procura somente para pegar o "video game" emprestado e quem é o amigo que não ri dela por fazer "xixi na cama". Criança sabe quem em sua vida só colhe e quem acolhe.

Na amizade e com as pessoas, a criança é diferente do adulto. O adulto "joga fora" pelo prazer de substituir de descartar as pessoas como se fossem coisas, precisa de "brinquedo novo". O adulto sabe do tamanho do mundo, da quantidade de pessoas e enxerga em cada uma delas uma possibilidade, então para que se prender a uma amizade com tantas outras possibilidades de conveniência por aí? A criança não! Ela é intensa, e se ela foi magoada, se ela não se sente mais amada, ou capaz de amar, se é o que o coração dela pede, ela tem maturidade suficiente para partir. Ela suporta a falta da boneca, quando é chegado o momento da boneca ser de outra. Ela suporta a falta do carrinho quando ele deve andar por outros caminhos. Ela deixa ir o amigo, quando ele não deve mesmo ficar mais.

E é na infância que aprendemos a separar nossos amigos em amigo e melhor amigo (aonde está o seu melhor amigo da infância?). Havia sempre aquele que era o melhor amigo, e, geralmente, da infância à vida adulta, damos esse título à pessoa errada: chamamos de melhor amigo aquele do qual mais gostamos, mas, nem sempre (e geralmente não é) o que mais gostamos é o que é o melhor para nós. Crescemos e passamos para a tola divisão dos amigos e os estimados "amigos de verdade". Não há "amigos de verdade", pois se alguém é "amigo de mentira", simplesmente não é amigo. É colega, é conhecido, é alguém que suporto por me trazer vantagens, mas amigo não é.

Há quem prefira ser polido (ou seria falso?) e, por isso, mesmo magoado, tendo perdido a confiança e até mesmo o respeito mútuo, prefere manter a amizade e a convivência (a que for necessária, claro), viver em uma Guerra Fria de indiretas trocadas diretamente, de palavras intencionalmente para irritar, de farpas compondo a toalha de um agradável piquinique entre "amigos". Afinal, vai que um dia você precisa daquela pessoa? Ou vai que os outros te chamam de infantil por encerrar uma amizade? E aquele dia em que foi bom? E se todos os outros "talvez", talvez, ocorram? E se o passado voltar e se o futuro melhorar? Esquece isso tudo, e me diz: e você? Como VOCÊ se sente agora e na maior parte do tempo? Qual o jeito quando não há mais jeito?

Eu posso estar errada, e há, na verdade, uma parte em mim que implora para que eu esteja, mas eu prefiro dizer "não quero mais"! Se eu não tenho nada de bom para levar para alguém, se eu não confio mais, se eu me sinto desrespeitada, se me dói, se eu não me sinto mais feliz e capaz de fazer o outro feliz, por que manter uma "amizade"? Há palavras que não voltam, situações que não tem como reverter. Levo amizade muito a sério (criança sempre se entrega, nunca está brincando, quem diz que é brincadeira são os outros) para transformar amigos que amei (e ainda os amo) em colegas. Eu prefiro não espernear, não fazer pirraça e fingir que tirei férias, perdi a memória e não lembro mais quem é aquele "amigo", e jogar o "jogo do contente" para continuar a sorrir. Não que eu faça isso com dezenas de pessoas, criança só sabe contar até 10, não costuma ter mais do que esse número de amigos. Criança também não gosta muito de rotina. Quando a coisa não é agradável de ser feita, tolera apenas o que realmente precisa fazer.

Pensando bem, sou mesmo uma amiga infantil, se me entender nessa infantilidade confessa. E o bom de ser criança é ter ainda que crescer. O ruim de ser adulto é ter apenas que ser.

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